maio 24, 2005

A esquina

I

Perguntaste-me o porquê do mundo ser estranho e vazio,
Eu respondi-te com um sorriso…
Perguntaste-me se a vida fazia sentido nesta esquina passageira,
E momentaneamente hesitei diante de teus olhos,
Queria responder-te “sim toda a esquina tem sentido!”,
Mas depois de tanto pensar e repensar
E pensando nada ao mesmo tempo,
Achei que essa esquina na verdade decifrava
Toda a estranheza e vácuo de que falavas há pouco.

Peças muitas são aquelas que juntas e observas
Com o Teu poder elucidativo das coisas,
Peças comparas e denotas e imaginas
E tornas a pensar, pois na verdade,
Figuras são estas que não encaixam
Em lado algum, pelo menos
No Teu modelo de viver e sentir e agir…
Mas pensa que se esta tela se resumisse a quadrados
Lógicos, ela perderia toda a sua lógica…

Tu respondeste-me com um sorriso…
“encontrei a Nossa tela” declaraste,
“Numa esquina há sempre um novo
Caminho a seguir!”, a força está mesmo
Em não seguir em frente…
“A esquina”
(22 Dez. 04 5:04)
II
A Vós vos agradeço, a Vós vos ilumino,
A Vós vos dou graças…
Força e grandeza têm os vossos passos neste
Caminho impetuoso que é a distância
Do estar, do Ser, do ser… Sentir!
Alegria vejo em vossos olhos na verdade
Do Vosso viver, na verdade corajosa
Do Vosso amar… Amai-vos! Nada temam,
Pois estarei aqui… Aí…

Sabei que a vosso lado caminharei
Pela areia rude, pelos montes
E vales da incerteza certa da vida, e quando
Em difíceis momentos, pelas marcas dispersas reparardes
Num caminhar Solitário, não julguem que
Vos abandonei nem que desisti do meu caminho,
Lembrem-se que apenas vos
Estarei levando em meu colo… Bem junto
Da minha verdade…

Em vosso leito Ele é acolhido
Entre as pantanais águas de seu destino, sem mesmo
Que o deixem tocar numa lágrima única
Caída que seja… A Vós vos devo o mesmo
Amor… Aqui têm os meus braços…


“Meu Deus”
(23 Dez. 04 5:19)
III
Entre estas linhas te escrevo,
Entre estas linhas filosofo o Elo quebrado
Que Lhe fez a verdade do ser
Fluir à superfície como esta música
Desmúsica que quebrou as leis do ar para
Entoar descuidadamente em meus ouvidos… Vossos!
Mas para quê leis quando sempre surge o
Podre e o roto de um desalinhado
Trilho que é o destino…?

Longo será o percurso se pensares que a
racionalidade tudo resolve, sendo esta a
Desvantagem do homem… Atira-te!
Estarei por lá perto, e se entrares na
Linha errada, é porque o teu vagão é
Mesmo esse, propositadamente esse. Esse e não outro!
Talvez um dia, tu e quem te figura, entendam que
Os vossos mais perpendiculares traços são os mais
Perfeitos paralelos equidistantes do centro da razão…

Tudo muda, tudo se finaliza…
Cresce ou decresce conforme o cego ou lúcido
Ponto de vista… Apenas estes dois traços se
Infinitam… na perfeição onde se cruzam e
Destapam toda a merda a que souberam virar costas…


“Paralelas”
(7 Jan. 05 19:25)